30 janeiro 2010

chico-espertismo

Hoje lembro a semana de todos os acontecimentos, de todas as sensações, de todos os sentimentos, em cascata vividos.
A propósito de isto e depois de isto e também de outro acontecimento da semana que hoje termina (sobre o qual não quero escrever aqui) transcrevo as palavras do filósofo José Gil, no livro “Em busca da identidade – o desnorte” (Lisboa, Relógio D’Água Ed., 2009, pg. 32/33) :

“O chico-esperto infringe a lei como se estivesse a cumpri-la, como se fosse uma boa partida sem consequências de maior. (…) À acusação que o pode tornar um alvo da autoridade porque cometeu um delito opõe-se a força da conivência dos costumes, do «direito consuetudinário» que se formou na cabeça dos nossos compatriotas e que aprova secretamente o chico-espertismo. (…) O chico-espertismo, por ser tão generalizado e penetrar tantos domínios, desliza facilmente para a corrupção e para a acção criminosa.”

A mim, o que mais me impressiona é o outro partir do princípio que, de tão generalizado, o chico-espertismo é a atitude de todos os portugueses. Ora, tal não corresponde à verdade.
Ofende-me aquele que presume que o outro (sem nada ter feito para tal) é um chico-esperto. Ofende-me aquele que toma atitudes de manipulação em nome de outro, sem que isso tenha sido solicitado, só porque lhe parece que o chico-espertismo é universal. A este nível, ser habitual, rotineiro e usual, para mim, nada justifica.
E mais não digo.

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