Fotografia: Luís Lobo Antunes
DILEMA
É uma voz que me chama e me defende:
- Vem…; mas não venhas…; cada sonho é
Tanto mais vivo quanto mais se estende
A dura rota que nos leva ao pé.
E eu ouço a voz que prega no deserto
E não paro nem volto; apenas sinto
Que, se chego, desperto
E, se não chego, minto.
Miguel Torga
in Libertação, 4.ª edição, pg.9
2 comentários:
Grande poema este que aqui nos deixaste. É um dos meus preferidos de Miguel Torga e, de um maneira geral, dos poemas portugueses. A indecisão que tão bem nos caracteriza e nos trava tantas vezes o passo.
E, por mais voltas que se dê, chegar ou não à concretização dos nossos sonhos atenua e acentua (contraditoriamente) a nossa sensação pessoal de satisfação...ou de insatisfação. Continuamos sempre aperseguir os sonhos...e quando um se acaba logo vem outro para o seu lugar...felizmente...ao menos os sonhos.
Grande imagem.
Foste ver o filme da EXPIAÇãO?!
Bom final de Domingo, amiga. Beijinhos.
A foto está espectacular!
E o poema é tão bonito. Conheço pouco de Miguel Torga.
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