06 julho 2018

“A febre das almas sensíveis”, de Isabel Rio Novo


Isabel Rio Novo nasceu no Porto em 1972. Doutorada em literatura comparada, é Docente no ensino superior de Escrita Criativa e outras disciplinas nas áreas da Literatura, Cinema e outras artes (sendo autora de diversas publicações académicas nessas áreas). Integrou os júris de vários prémios literários e de fotografia.
Os seus textos de ficção estão presentes em várias antologias, com destaque para a primeira coletânea de contos do Centro Mário Cláudio, “O País escondido”, publicado em 2016.
Em 2004, escreveu a narrativa fantástica “O Diabo Tranquilo”, a partir de poemas de Daniel Maia-Pinto Rodrigues. Em 2005, viu o romance “A Caridade” distinguido com o Prémio Literário Manuel Teixeira Gomes. Em 2014, publicou o volume de contos “Histórias com Santos”. O romance “Rio do Esquecimento” foi finalista do Prémio LeYa, em 2015.
A febre das almas sensíveis”, também finalista do Prémio LeYa, em 2017, é o seu mais recente romance e a minha sugestão de leitura de hoje.
A ação desta narrativa tem lugar em Portugal, na primeira metade do século XX, uma época marcada pela tuberculose (a febre das almas sensíveis do título) como uma das principais causas de morte.
Ainda sem meios farmacológicos para combater a doença, o tratamento para esta doença resumia-se a isolamento em sanatórios, bons ares, sol, boa alimentação e descanso, tratamento este que muitas vezes não evitava a morte.
O Sanatório do Caramulo foi o maior e o mais famoso do país e é o cenário escolhido por Isabel Rio Novo neste brilhante romance.
Entre o edifício do Grande Sanatório do passado (onde o drama do jovem Armando se cruza com o dos outros pacientes), do presente (visitado por uma rapariga que coleciona histórias de escritores que padeceram daquele mal) e as páginas escritas por “R. N.”, movem-se almas de todos os tempos: Eduardo, Natália, Carolina e Ernest, mas também Cesário Verde, Júlio Dinis e António Nobre.
Sendo fiel ao registo histórico (sustentado em toda a intensa investigação realizada pela autora) este romance foge à rigidez e ao formalismo de que padecem alguns romances históricos.
Com um ambiente fantástico a que a autora já nos habituara (em “O Diabo Tranquilo” e no “Rio do Esquecimento”), o romance “A febre das almas sensíveis” apresenta-nos Isabel Rio Novo não como uma promessa, mas sim como um caso muito sério na Literatura Portuguesa contemporânea.
Acreditem em mim!

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