Ana Margarida de Carvalho é licenciada em Direito
pela Faculdade de Direito de Lisboa e dedicou-se ao Jornalismo nós últimos
anos. Tem reportagens, contos e poemas espalhados por várias publicações e
coletâneas. Editou também o livro infantil “A Arca do É”, ilustrado por Sérgio
Marques (cuja leitura em família também sugerimos fortemente).
O seu primeiro romance “Que Importa a Fúria do Mar”
valeu-lhe o Grande Prémio de Romance e Novela APE em 2013 e apresentou-nos de
imediato uma escritora notável, que depressa ocupou um lugar de destaque no panorama
literário nacional.
A narrativa centra-se em finais do século XIX, já
depois da abolição da escravatura, quando um tumbeiro clandestino naufraga ao
largo do Brasil.
Um grupo de náufragos atinge uma praia intermitente,
que desaparece na maré cheia: um capataz, um escravo, um mísero criado, um
padre, um estudante, uma fidalga e sua filha, um menino pretinho ainda a dar os
primeiros passos. Todos são vencedores na morte, perdedores na vida.
O mar, ao contrário dos seus antecedentes
quotidianos, dá-lhes agora uma segunda oportunidade, duas vezes por noite, duas
vezes por dia. Ao contrário do que pensam, não estão sós naquela prisão natural,
com os penhascos enquanto sentinelas, entre o céu e o mar. Com eles ali vivem
todos os seus remorsos e todos os seus fantasmas.
Mais difícil do que se fazerem ao mar ou escalarem
precipícios será ultrapassarem as suas diferenças e os preconceitos: os de
raça, os de classe social, os de género e os de credo.
Este é um livro que nos ajuda a colocarmo-nos na pele
do outro, através de personagens densas e humanas, como a escritora Ana
Margarida de Carvalho tão bem sabe criar e partilhar generosamente com os
leitores.
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