O livro aberto esquecido na relva,
o sol mordido das amoras bravas,
a voz húmida e lenta dos rapazes,
os degraus por onde a sombra desce.
Ouço-as como se ouvisse chegar o verão,
seus inumeráveis dedos correm pelos dias
ou pelas noites com as águas dentro;
Ouço essas vozes, esse rumor de luzes
subir no escuro, tropeçar nos vidros,
com a manhã alta cair nas areias,
morder os muros, arder endoidecido.
Eugénio de Andrade
in Poesia, Ed. Fundação Eugénio de Andrade,
o sol mordido das amoras bravas,
a voz húmida e lenta dos rapazes,
os degraus por onde a sombra desce.
Ouço-as como se ouvisse chegar o verão,
seus inumeráveis dedos correm pelos dias
ou pelas noites com as águas dentro;
Ouço essas vozes, esse rumor de luzes
subir no escuro, tropeçar nos vidros,
com a manhã alta cair nas areias,
morder os muros, arder endoidecido.
Eugénio de Andrade
in Poesia, Ed. Fundação Eugénio de Andrade,
2.ª edição, 2005, pg.335
2 comentários:
O festival endoidecido das palavras
Mordidas pelas vozes dos poetas
O suor das páginas soltas entre os dedos
E a felicidade ilimitada dos reencontros
Sentimo-las como se em passos breves
Este Verão se anunciasse a ferro e fogo
Cruxificado nas esperanças tolas dos espíritos cinzentos
E como se as estrelas parecedo cair
Semeassem um campo de gelados nos céus
Seremos os loucos dos Tempos Modernos.
Sempre familiar e sempre novo, o Eugénio. Apetece ler e reler.
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