14 novembro 2012

ondjaki


“um homem é feito do que planifica e do que vai sentindo. de correntes de ferro que o prendem ao chão e de correntes de ar que lhe atravessam o corpo em ecos de poesia.
verdade e urgência.”
Ondjaki
in “Os Transparentes”
Ed. Caminho, 2012, pg.206

07 novembro 2012

CANÇÃO DE OUTONO

Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.
 

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o própro coração?
 

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando áqueles
que não se levantarão...

 
Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...

 Cecília Meireles
Fotografia de João Baltazar