"Dois dedos de conversa" no sítio abc da criança
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11 novembro 2013
29 outubro 2013
21 outubro 2013
Se me esqueceres (pablo neruda)
Quero que saibas
uma coisa.
Sabes como é:
se olho
a lua de cristal, o ramo vermelho
do lento outono à minha janela,
se toco
junto do lume
a impalpável cinza
ou o enrugado corpo da lenha,
tudo me leva para ti,
como se tudo o que existe,
aromas, luz, metais,
fosse pequenos barcos que navegam
até às tuas ilhas que me esperam.
Mas agora,
se pouco a pouco me deixas de amar
deixarei de te amar pouco a pouco.
Se de súbito
me esqueceres
não me procures,
porque já te terei esquecido.
Se julgas que é vasto e louco
o vento de bandeiras
que passa pela minha vida
e te resolves
a deixar-me na margem
do coração em que tenho raízes,
pensa
que nesse dia,
a essa hora
levantarei os braços
e as minhas raízes sairão
em busca de outra terra.
Porém
se todos os dias,
a toda a hora,
te sentes destinada a mim
com doçura implacável,
se todos os dias uma flor
uma flor te sobe aos lábios à minha procura,
ai meu amor, ai minha amada,
em mim todo esse fogo se repete,
em mim nada se apaga nem se esquece,
o meu amor alimenta-se do teu amor,
e enquanto viveres estará nos teus braços
sem sair dos meus.
Pablo Neruda,
in "Poemas de Amor de Pablo Neruda"
24 setembro 2013
Poema dum funcionário cansado
Poema dum funcionário cansado
A noite trocou-me os sonhos e as mãos
dispersou-me os amigos
tenho o coração confundido e a rua é estreita
estreita em cada passo
as casas engolem-nos
sumimo-nos
estou num quarto só num quarto só
com os sonhos trocados
com toda a vida às avessas a arder num quarto só
Sou um funcionário apagado
um funcionário triste
a minha alma não acompanha a minha mão
Débito e Crédito Débito e Crédito
a minha alma não dança com os números
tento escondê-la envergonhado
o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em
frente
e debitou-me na minha conta de empregado
Sou um funcionário cansado dum dia exemplar
Por que não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?
Por que me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço?
Soletro velhas palavras generosas
flor rapariga amigo menino
irmão beijo namorada
mãe estrela música
São as palavras cruzadas do meu sonho
palavras soterradas na prisão da minha vida
isto todas as noites do mundo numa só noite comprida
num quarto só.
António Ramos Rosa
in O Grito Claro, 1958
Fotografia de Luís Silva
22 setembro 2013
mudança de estação
mudança
de estação
para
te manteres vivo – todas as manhãs
arrumas
a casa sacodes tapetes limpas o pó e
o
mesmo fazes com a alma – puxas-lhe brilho
regas
o coração e o grande feto verde-granulado
deixas
o verão deslizar de mansinho
para
o cobre luminoso do outono e
às
primeiras chuvadas recomeças a escrever
como
se em ti fertilizasses uma terra generosa
cansada
de pousio – uma terra
necessitada
de águas de sons de afectos para
intensificar
o esplendor do teu firmamento
passa
um bando de andorinhões rente à janela
sobrevoam
o rosto que surge do mar – crepúsculo
donde
se soltaram as abelhas incompreensíveis
da
memória
luzeiros
marinhos sobre a pele – peixes
que
se enforcam com a corda de noctilucos
estendida
nesta mudança de estação.
Al
Berto
In «Horto de Incêndio» (poesia), colecção «peninsulares
/ literatura» (n.º 49),
Assírio
& Alvim, Lisboa, junho de 1997 (2.ª ed.), pg. 52fotografia de Nuno Abreu
19 agosto 2013
carmen zita ferreira aos quadradinhos
Paulo Freixinho faz palavras cruzadas. Não, não passa a vida
a passar o tempo a fazer palavras cruzadas.
Elabora Palavras Cruzadas para a revista Caras (Feriaque), Público
(Feriaque), Jornal de Notícias (Feriaque), Seleções Reader's Digest, A Voz de
Trás-os-Montes, Point24 (Luxemburgo), Portugal Post (Alemanha), entre outros.
Tem uma palavra preferida: Xurdir, que significa fazer pela vida.
Publicou o livro "Palavras Cruzadas com Literatura" (Ed. Quetzal) e
ofereceu-me este retrato. Se quiserem conhecer um dos seus blogues, siga por aqui.CONTO: ‘O AMOR É O HABITUAL NO INVISÍVEL’
Na última edição da Preguiça Magazine saiu o meu
mais recente conto, escrito em parceria com João Silva. Quem tiver curiosidade
poderá lê-lo aqui.
27 junho 2013
CONTO: ‘ESCALA DE MEDIDA DO AMOR’
Na Preguiça Magazine saiu hoje o meu mais recente conto, escrito em parceria com a Elsa Margarida Rodrigues. Quem tiver curiosidade poderá lê-lo aqui.
10 junho 2013
17 maio 2013
13 maio 2013
Luz ao fundo do túnel - um folhetim
O folhetim "Luz ao fundo do túnel" da Preguiça Magazine já terminou. Participei com todo o gosto e entusiasmo no mesmo (cap. V e cap. XI).
Parece que a preguiça veio para ficar por estes lados. Mais novidades num link perto de si, em breve!
Parece que a preguiça veio para ficar por estes lados. Mais novidades num link perto de si, em breve!
08 abril 2013
18 março 2013
farol
Farol
Estará a pacífica luz do teu olhar
à minha espera nesta viagem?
Neste regresso outonal,
por entre ramos sinuosos
de negro decorados
estarão os teus braços a aguardar
o meu barco mutilado?
Saberei eu a âncora largar,
terei eu a necessária coragem?
Nesta revolta quase invernal,
por entre rumos ardilosos
de falsos brilhos adornados
encontrarei a tua luz neste mar
para me descobrir a salvo?
Estará teu espírito preparado
para assistir ao naufrágio
desta imprudente embarcação?
Será a visão do teu sereno aviso de perigo
neste insensato retorno,
a minha derradeira recordação?
Carmen Zita Ferreira
05 março 2013
22 fevereiro 2013
se cantasse
Se cantasse, talvez o coração
Sossegasse no peito.
Mas vou perdendo o jeito
De cantar
A vida, devagar,
Leva-nos tudo,
E deixa-nos na boca o gosto de ser mudo.
Miguel Torga
(1907-1995)
Coimbra, 12 de Outubro de 1974
nota - uma semana depois de eu nascer Miguel Torga escreveu este poema... se ele soubesse o sentido que o mesmo faz no meu espírito hoje...
Sossegasse no peito.
Mas vou perdendo o jeito
De cantar
A vida, devagar,
Leva-nos tudo,
E deixa-nos na boca o gosto de ser mudo.
Miguel Torga
(1907-1995)
Coimbra, 12 de Outubro de 1974
nota - uma semana depois de eu nascer Miguel Torga escreveu este poema... se ele soubesse o sentido que o mesmo faz no meu espírito hoje...
20 fevereiro 2013
19 fevereiro 2013
12 fevereiro 2013
07 fevereiro 2013
04 fevereiro 2013
06 janeiro 2013
03 janeiro 2013
Foi o caso 3#
D. - Mamã, como é que Deus fez os gatos? De certeza que não foi com pão e vinho...
me - Pois... isso não.
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