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O sono retirou-se do meu
corpo e as cigarras
atormentam as minhas noites.
Depois de teres
partido, os lençóis da cama
são como limos frios
que se agarram à pele.
Porém, se me levanto,
não faço mais do que arrastar
a solidão pela casa;
talvez procure ainda um
gesto teu nos braços
do silêncio, como um pombo
cego a debicar
as sombras na única praça
deserta da cidade -
o amor nunca aprendeu a ler
nas linhas da mão.
MARIA DO ROSÁRIO PEDREIRA,
in O CANTO DO VENTO DOS CIPRESTES (Gótica, 2001)
Foto de José M G Pereira
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