20 março 2009

a edgar allan poe

“Meu relógio soando de pés nus a quinta hora da noite italiana
minha cabeça de anéis dolorosos como jacintos pretos recém-colhidos
minha criança grande escorregando pelos braços da mãe quando mil candelabros dardejando nas escadas dos palácios anunciavam um corpo delicado e quente
minha caranguejola de diamante entre a vida e a morte a graça e a desgraça a verdade e o erro
meu malfadado e misterioso homem
figura descida figura embrulhada figura muitos pés acima de si mesma e no entanto figura de claridade
figura de homem deitado com uma estrela na boca escorrendo água. (…)”

CESARINY, Mário. Pena Capital.
Lisboa, Ed. Assírio & Alvim, 1982, pg. 49.

Sem comentários: